AMIGO SECRETO VERSUS AMIGO PÚBLICO
Amigo Secreto versus
Amigo Público
O mundo corporativo cria umas
coisas estranhas e tenta copiar algumas condições que deveriam existir na vida
real, mas que por força das atividades profissionais e da superficialidade das
relações não encontra abrigo seguro.
No final de ano encontramos um
dos momentos mais expressivos dessa realidade. Refiro-me ao “Amigo Secreto”.
Uma mistura de desejo e misticismo envolto daqueles que teoricamente deveriam
ser amigos, mas na prática não são. Como honrosas exceções, o mais próximo que
se consegue é ser colega/companheiro de trabalho.
Amigo, segundo a Bíblia, o
dicionário do cristão, é alguém com quem se fala cara a cara (Ex 33:11) e não
por recado, telefone, email, rede social ou qualquer outro meio que não o
frente a frente. Amigo é alguém tão próximo de nós que chega a ser mais chegado
que irmãos. Por amor (neste caso, o amor filéo do grego) o amigo tanto dá a vida
pelo outro (Jo 15:13) como também, às vezes, fere o ego do outro por dizer a
verdade (Pv 27:6). Enfim, ser amigo é ser o seu espelho que fala.
Nesta perspectiva, o desejo de se
ter um “Amigo” secreto adquire uma posição bastante distante do desejado nas
organizações que são estruturadas, em sua maioria, de tal forma que no máximo
temos companheiros de departamentos, seções, projetos, trabalhos, atividades,
missões e visões. Ou seja, há “algo” entre os “amigos” que é um terceiro
elemento ao relacionamento chamado: empresa. E esta, normalmente, não
desenvolve um relacionamento cara a cara, familiar, dá a vida por nós e, tal e
tal. No máximo desenvolve uma atividade diplomática entre os membros. Muito longe
de ser a imagem refletida no espelho. Nem com greve, se consegue.
Já a parte do “secreto” da
brincadeira organizacional do faz-de-conta, o interessante é que só se
justifica se for secreto mesmo, pois se fosse publicamente a brincadeira
acabaria virando confusão por causa das escolhas. O pior do secreto é você ter
que presentear alguém que foi escolhido por uma cumbuca, roleta russa ou
programa que te dá um “amigo” que você nem conhece direito e ainda ter que
fazer isso na frente de todos, de forma constrangedora.
E o presente? Aqui o drama é
maior, pois é estabelecido um valor para que se compre um presente para o seu “amigo”
escolhido pela sorte, onde você terá que enquadrá-lo numa faixa de preço, ou
seja, o valor da amizade é confundido com preço estabelecido pelo padrão mercantilista.
Em face desta situação, estou
tomando uma decisão, que meus “amigos” secretos provavelmente não gostarão: não
participarei mais de nenhum “amigo secreto”. De agora em diante só participarei
do Amigo Público, se existir.
Nossos amigos devem ser públicos.
Devem ganhar um presente fora da faixa acordada pela “comissão organizadora”.
Nada de papelzinho misterioso. Cada um indica o amigo e no encontro de
confraternização entrega o presente que achar melhor. Publicidade,
transparência e sinceridade, coisas típicas de amigo.
Se você for, de fato, meu amigo
vai me entender senão, vai me dizer.
Um abraço,
Radamés Dantas
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