O Lexus engoliu a Oliveira



Reflexões do passado em um presente do futuro

Vivemos em um mundo globalizado. Não há como negar esse fato. Basta lermos algum jornal ou revista para notarmos que as notícias que nos chegam não tratam apenas das questões do nosso país. Alguém já disse que “um espirro na China pode provocar um vendaval no Brasil”. Até certo ponto, isso é verdade. Se, por exemplo, as bolsas de valores chinesas sofrerem alguma baixa, o Brasil será atingido. Praticamente, na mesma proporção, se uma moda é lançada na Itália, ela é adotada no Brasil.

Na década de noventa, o jornalista norte-americano Thomas Friedman avaliou alguns aspectos da globalização e escreveu o livro intitulado “o Lexus e a Oliveira”. Segundo ele, dentre outras coisas, o fenômeno da globalização fez intensificar o conflito entre o Lexus e a Oliveira, o novo e o velho. Para os que não entendem nada sobre automóveis, o Lexus é um carro de luxo fabricado pelos japoneses. Nas fábricas do Lexus, é mais comum notar a presença de robôs do que de seres humanos. Os robôs fazem praticamente todo o trabalho de montagem do carro. O trabalho das pessoas é basicamente verificar o controle de qualidade e, de vez em quando, apertar algum parafuso. Por outro lado, a Oliveira é uma árvore que pode viver por muitos anos. Algumas podem viver milhares de anos. Em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, por exemplo, existem árvores que, segundo os guias turísticos, têm aproximadamente dois mil anos de vida. Nasceu gente, morreu gente; entrou geração, passou geração; levantaram-se governos, derrubaram-se governos; e durante aproximadamente dois mil anos aquelas oliveiras não saíram do lugar e não “mudaram o seu estilo de vida”.

Ao escrever sobre as oliveiras em seu livro, Thomas Friedman fez uma observação alegórica bastante interessante. Ele disse o seguinte:

“As oliveiras são importantes. Elas representam tudo o que nos enraíza, nos ancora, nos identifica e nos localiza nesse mundo – como o sentimento de pertencer a uma família, a uma comunidade, a uma tribo, a uma nação, sobretudo, a algo chamado lar.”

O Lexus e a oliveira, portanto, representam mundos e realidades bastante distintas. O Lexus retrata o novo, a inovação, a tecnologia, a mudança e o temporário; e a oliveira representa o antigo, as raízes, as tradições, a História e a permanência. Enquanto o Lexus sofre constantes mudanças, fruto das inovações, a oliveira permanece a mesma, simplesmente oliveira. O mais impressionante em toda essa questão é o fato de que o novo e o antigo coexistiram pacificamente, durante muitos séculos, no mesmo mundo. Durante centenas de anos, em muitos países, o novo conviveu com o antigo, as inovações coexistiram com as tradições e os jovens viveram com os mais velhos. Contudo, na era da globalização, a coexistência entre o novo e o antigo tem se tornado cada vez mais difícil.

Atualmente, a balança pende para as novidades. O mundo parece rejeitar o passado, desconsiderar a História e abandonar as tradições. Na linguagem cunhada por Thomas Friedman, o Lexus engoliu a Oliveira. Os jovens não querem ouvir os “mais velhos” porque são cafonas, atrasados e tal.

Precisamos ter discernimento e equilíbrio neste tal “mundo novo”, “moderno”, dentre outros adjetivos. Não vamos demonizar o nosso passado. Antes de qualquer ultrapassagem, devemos sempre olhar pelo retrovisor como medida prudente daqueles que não querem colidir com outros que também estão avançando na vida.

Você já parou um pouco para ouvir seus pais, seus avós? Eles tem histórias incríveis que podem te ajudar a evitar os mesmos erros deles ou de outros já cometidos no passado.

Pense nisso e um forte abraço

Radamés Dantas

www.profradames.blogspot.com

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